Doença Celíaca: Alimentação sem glúten

Os cereais são um alimento fundamental para a boa nutrição de todos os povos. Eles fornecem energia saudável sob a forma de amido e também são responsáveis por três quartos de proteína que consumimos. Contudo, para cerca de 1% da população mundial, nem todos os cereais podem ser consumidos, pois provocam uma patologia - a doença celíaca.

Trata-se de uma alergia alimentar desencadeada por uma proteína chamada glúten, presente no trigo, centeio, cevada e aveia, que conduz à lesão do intestino impedindo o seu normal funcionamento.

Entre outras consequências, verifica-se uma redução da absorção de diversos nutrientes, que na criança pode conduzir a um atraso no crescimento. A doença celíaca não é contudo uma doença dos mais novos, pois afecta todas as idades podendo manifestar-se por diarreia, perda de peso, fadiga e anemia.

O número de pessoas afectadas por esta doença poderá ser muito superior às estimativas oficiais, pois muitas pessoas não apresentam sintomas exuberantes, podendo viver com a doença sem suspeitar de que dela padecem. Acresce que o seu diagnóstico definitivo também não é fácil pois implica que se efectue uma biópsia ao intestino.

O tratamento desta alergia alimentar consiste em deixar de consumir, permanentemente, todos os alimentos que contenham glúten, pois não há actualmente nenhuma forma de restabelecer o normal funcionamento do intestino se o mantivermos exposto a esta proteína.

O desafio dos doentes celíacos consiste, portanto, em assegurar uma alimentação saudável e saborosa sem glúten, uma tarefa que pode ser complicada tendo em conta que existem muitos produtos alimentares que integram cereais nos seus ingredientes ou que se encontram contaminados por estes.

A boa notícia é que a oferta de produtos isentos de glúten tem vindo  melhorar. Estes produtos obedecem a legislação alimentar específica que assegura um teor máximo de glúten por Kg de produto (20mg/Kg) para que este não afecte o funcionamento do intestino das pessoas com hipersensibidade a esta proteína (doente celíaco).

Várias cadeias de hipermercados já disponibilizam actualmente muitos produtos deste tipo, havendo uma que apresenta inclusivamente um selo de garantia da Associação Portuguesa de Celíacos. As opções estão em cima da mesa por isso, não há porque facilitar!

Indicações alimentares gerais para doentes Celíacos

Alimentos Permitidos (que não contém glúten)
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- Milho, arroz e trigo-sarraceno;
- Batata, tapioca e mandioca;
- Carne, peixe, ovos e marisco;
- Fruta, legumes e leguminosas;
- Leite, iogurtes naturais e queijo fresco;
- Açucar, azeite e óleos vegetais;
- Vinho e ervas aromáticas, entre outros;
- Alimentos que apresentem na sua rotulagem a designação "isento de glúten"
Estas indicações alimentares são de carácter geral, não pretendendo substituir as recomendações prescritas pela equipa de saúde que acompanham o doente celíaco.
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Alimentos Proibidos
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Todos os alimentos que contenham trigo, centeio, cevada ou aveia e seus derivados na sua composição;
Produtos de panificação e pastelaria (pão, bolos, bolachas);
- Massas alimentícias;
- Iogurtes com cereais;
- Panados;
- Pizzas;
- Delícias do mar;
- Farilheiras e alheira;
- Cerveja;
- etc.

Alimentos Perigosos
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Alimentos que podem conter glúten, disfarçadamente, na sua composição devido ao processamento industrial que sofrem.
Entre estes contam-se:
- Produtos de charcutaria;
- Pré-cozinhados / cozinhados e ultra congelados;
- Molhos e temperos industrias;
- Gelados;
- Chocolates;
- Frutas em calda e cristalizadas;
- Gelatinas;
- Produtos de soja;
- Natas, manteigas e margarinas;
- Etc.
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Fonte: Dr. Vitor Dauphinet - Nutricionista ao Jornal Oje

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